Entenda o que é a condição e por que precisa ser pesquisada em toda criança.
A displasia do desenvolvimento do quadril inclui uma variedade de alterações associadas ao desenvolvimento da articulação entre o fêmur e o quadril nos bebês e em crianças pequenas. Tais alterações se estendem desde uma articulação levemente instável até o deslocamento completo.
É importante saber que os recém-nascidos frequentemente apresentam uma imaturidade e uma frouxidão fisiológica da articulação do quadril que, na maior parte dos casos, se resolve espontaneamente ainda nas primeiras semanas de vida.
Contudo, como a condição, quando presente, pode não provocar nenhum sintoma nos primeiros anos de vida, a avaliação ativa pelo pediatra é muito importante para a identificação do quadro no bebê. Isso porque o diagnóstico e o tratamento precoces são fundamentais para garantir uma boa evolução e evitar anormalidades da articulação.
Quais bebês têm maior risco de ter displasia de desenvolvimento do quadril?
Alguns aspectos da história pessoal e familiar da criança aumentam a chance de displasia do desenvolvimento do quadril. Os fatores de risco abrangem posição pélvica do bebê ao final da gestação, história familiar de displasia do desenvolvimento do quadril, gênero feminino e o costume de “embrulhar os bebês e as suas perninhas”.
O que pode acontecer se a displasia do desenvolvimento do quadril não for diagnosticada?
As instabilidades e displasias leves observadas nas primeiras semanas de vida do bebê são tipicamente benignas e não requerem tratamento. Os quadros moderados e graves, por sua vez, apresentam mais sucesso quanto mais precocemente forem tratados. Quando não tratadas, as crianças podem evoluir, ao longo do tempo, com alterações da marcha, discrepância do comprimento dos membros inferiores, limitação da movimentação do quadril e até com uma artrite degenerativa precoce no adolescente ou adulto jovem.
Como os bebês são avaliados e o diagnóstico é feito?
Atualmente, recomenda-se que todos os bebês sejam avaliados especificamente para displasia do desenvolvimento do quadril ainda enquanto recém-nascidos e, após, de forma rotineira em todas as consultas pediátricas até por volta dos nove meses de vida ou até que a criança consiga andar sem apoio.
Para essa avaliação, durante o exame físico, o pediatra faz inspeções e manobras específicas e padronizadas a fim de identificar alguma anormalidade da articulação do quadril.
Os exames de imagem auxiliam o diagnóstico da displasia do desenvolvimento do quadril?
A ultrassonografia do quadril é o principal método de imagem para avaliar a forma e a estabilidade do quadril no bebê. Nos primeiros seis meses de vida, é um importante exame para complementar a avaliação clínica do pediatra, além de ser não invasivo e não trazer qualquer desconforto para a criança.
O estudo ultrassonográfico, que deve ser feito sempre por radiologista pediátrico especializado e experiente, inclui tanto imagens estáticas quanto dinâmicas do quadril em posições específicas e o laudo do exame é feito através de um sistema de classificação padronizado.
A ultrassonografia, portanto, tem utilidade não somente para confirmar achados alterados no exame físico como também para avaliar crianças com fatores de risco e exame físico normal.
A ultrassonografia do quadril deve ser considerada para todos os meninos e meninas antes dos seis meses de idade nas seguintes situações
- Exame físico suspeito ou que gerou dúvidas (inconclusivo)
- Exame físico normal, mas com os seguintes fatores de risco (nesses casos, o exame é geralmente solicitado por volta das seis semanas de vida):
- • História de apresentação pélvica no 3º trimestre de gestação
- • História familiar de displasia do desenvolvimento do quadril
- • História prévia de instabilidade ao exame físico
- • História de imobilização inadequada do bebê (que pode ser com paninhos ou mantas)
- • Preocupação dos pais
Adaptado de: Pediatrics. 2016; 138(6): e20163107
Vale ainda lembrar que sempre que houver suspeita ou dúvidas sobre alteração do quadril no bebê, a avaliação conjunta com um ortopedista pediátrico é muito importante!
Como é feito o tratamento da displasia do desenvolvimento do quadril?
O tratamento da displasia do desenvolvimento do quadril é individualizado, varia em relação ao tipo e gravidade do quadro e com a idade da criança e é feito sempre pelo ortopedista pediátrico. Enquanto alguns casos necessitam de intervenção cirúrgica com imobilização posterior outros podem ser conservadores por meio do uso de suspensórios.
Referências:
- Shaw BA, Segal LS, AAP Section on Orthopaedics. Evaluation and Referral for Developmental Dysplasia of the Hip in Infants. Pediatrics. 2016;138(6):e20163107.
- Roselfeld SB (2021). Developmental dysplasia of the hip: clinical features and diagnosis. In Phillips WA, Torchia MM (Ed.), UpToDate. Acessado em 21 de Agosto de 2022.
- Braga SR, Akkari M, Santili C. Displasia do desenvolvimento do quadril. Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria, 4ª edição: Manole 2017.